quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Por alguns instantes você pareceu se importar

Eu estava sentada sozinha, encostada em uma parede estranha, em algum lugar que eu não conheço, eu estava distante, mas ainda ouvia as vozes dos nossos amigos conversando um pouco longe dali, eu bebia alguma coisa que não consigo me lembrar o que era, quando de repente você apareceu vestindo seu uniforme de trabalho, aquela blusa azul que eu gostava tanto, com vários símbolos de bebidas que eu ficava contornando com o dedo, se agachou diante de mim e ficou me olhando, perguntou porque eu estava chorando, olhei para baixo e não respondi, então você  colocou a mão embaixo do meu queixo erguendo minha cabeça devagar e continuou olhando pra mim, eu te ofereci uma bebida mas meu copo já estava vazio, então levantei do chão, te puxei pelo braço e saímos correndo até um freezer que estava próximo, você ria alto, talvez ria de mim ou ria porque estava feliz, eu abri o freezer à procura de alguma cerveja, porque você não bebe outra coisa mas não encontrei, achei uma garrafa de vodka  e outra de vinho, perguntei se aquelas bebidas serviam e você disse sorrindo que tudo bem. Até que o telefone tocou, era minha  mãe pedindo desculpas por me acordar, mas tinha esquecido a chave do portão.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Deixa tudo continuar aqui escondido

Tentei escrever diversas vezes sobre o mesmo assunto e mal saiu uma linha, é que não há conjuntos de letras suficientes para descrever tanto atordoamento, às vezes eu tenho vontade de vomitar palavras, então enfio o dedo na garganta e desisto, engulo tudo de volta, falar para quê? Tanto faz, eu até acho que já falei demais, então me calo mais uma vez, falar sobre sentimentos não me faz bem. Quando me vem a vontade de chorar eu olho para cima e fico com os olhos abertos até sentir as minhas córneas arderem por já estarem secas, é que eu sei que se cair uma gota eu vou transbordar e passar horas chorando, conviver com o choro e palavras na garganta é fácil, o difícil é sentir o peito quase explodir quando leio o seu nome em algum lugar, ou alguém fala sobre você.
Fico relembrando conversas, procurando coisas que não deveriam ser ditas, fico tentando entender o erro, talvez se você tivesse me ouvido direito e acreditado em mim, ou se talvez eu tivesse me empenhado em demonstrar melhor tudo o que eu queria, mas na verdade tudo isso não se passam de desculpas que eu encontro para não encarar a realidade, você nunca poderia gostar de mim, eu tenho a cabeça e o coração estragados, eu sou um poço de defeitos, cheia de dramas antigos, eu sou tudo que há de ruim encapado em forma humana, pois é, apesar de ser esse mal elemento, eu ainda sou humana e me machuco, disfarço minha fragilidade com frieza, não demostro o que sinto, porque sinto coisas demais, eu sinto todas as dores do mundo em um espaço tão pequeno, eu preciso esmagar tudo para caber dentro de mim, acho que exatamente por isso que eu não consigo falar, porque esta tudo surrado dentro do peito que quer explodir. Eu preciso entender de uma vez que você nunca iria querer carregar um baú de problemas, sendo que você tinha alguém melhor esperando você cansar de brincar de quase amor comigo e voltar. É você cansou.