Eu queria alguém que desistisse de tudo por mim, que
enfrentasse a eternidade para poder ficar mais tempo comigo sentado no banco de
uma praça, discutindo sobre a possível existência do paraíso, enquanto eu
olharia para seus olhos e veria o céu. Eu iria dizer que não queria voltar para
casa porque os cômodos parecem vazios demais, e o eco me incomoda, ele não iria
responder, mas ficaria comigo durante a noite toda, então eu respiraria toda a
sua vida sabendo que uma hora ou outra vai acabar, porque é assim que acontece
não é? Cedo ou tarde tudo tem fim, e sou eu quem tem mania de sempre se prender
ao que já passou. Eu o abraçaria com vontade de escondê-lo do mundo, com medo
de contar sobre ele para alguém, com medo de que ele percebesse que existem
milhares de pessoas melhores do que eu.
Com o passar dos dias, o que sempre acontece, aconteceria. O medo me consumiria, a fertilidade da minha mente começaria a inventar desculpas das mais esfarrapadas, é o meu subconsciente querendo me afastar, e o meu coração querendo não se machucar, então os meus pés me levariam embora.
Eu não consigo me permitir ser feliz, porque felicidade demais me assusta, eu sou uma solitária daquelas meio que conformadas, que ao mesmo tempo não suporta a ausência, eu sou uma confusa daquelas que preferem a falta do que nunca existiu, do que a despedida do que já me fez sorrir. Eu não consigo lidar com a perfeição, pois eu não suporto a idéia de saber que as coisas podem ou não durar, imaginar as possíveis lágrimas e depois as mentiras e então à distância iria fazer com que eu quisesse deixá-lo antes que me deixasse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário