Levo fama de meio doida e isso assusta as pessoas é que eu
não escondo quem eu sou, disfarço, finjo, mas meu olhar entrega tudo aquilo que
me dói, dizem que penso demais, que me desespero a toa, mas eles não sabem o
quanto meus pensamentos gritam aqui dentro da minha cabeça é um som tão agudo
que chega a ensurdecer, me dá vontade de ir embora. Também tem aqueles que
dizem que eu preciso de ajuda médica, eu acho engraçado quando dizem isso, eles
querem me dar pílulas e injeções porque não conseguem lidar com a minha intensidade,
querem me dopar, porque não aguentam a minha visão sobre a vida, o meu pavor os
a assombram.
Ninguém compreende que o mundo inteirinho me dói de uma
maneira absurda, então eu preciso sangrar por uma dor que seja só minha, eu
preciso de endorfina para me lembrar que me corpo ainda sente alguma dor física
e não só aquela dor interna que espreme os meus rins e parece estourar devagar
as minhas veias. Ser taxada de maluca e todos os seus sinônimos é o preço que
pago por me doar inteira ao medo, eu perco um pedaço de mim a cada esquina que
eu dobro e se recompor é mas difícil do que parece.
Eu realmente não me importo se ninguém consegue entender, porque
não suporto gente que finge me entender, mas que na verdade acha que eu não
tenho jeito, eu não estou pedindo por cura nenhuma, pois os remédios e injeções
podem até calar aquele grito de dentro da minha cabeça, mas não seriam capazes
de tampar o buraco dentro do meu peito, eu também não quero que tampem pois ele
já esta aqui faz tanto tempo, fui reinventando caminhos entre uma perca e outra
e já não me importo com o oco em mim, é melhor a ausência do que o excesso.
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